atire a primeira pedra quem se sente feliz e realizada. não conheço uma pessoa que está bem. uma avalanche de b.o.s tá rolando na vida de todo mundo que conheço, mesmo com 2023 prometendo um futuro melhor (e, olha, as coisas melhoraram sensivelmente depois do julgamento do tse na sexta passada).
não tenho régua pra dizer que agora tá mais ou menos difícil do que antes, porque muito antes eu não tinha nem a capacidade de entender o que acontece. mas a verdade é que ensaiar a vida adulta à beira do colapso ambiental, crises econômicas sucessivas, desigualdades aviltantes, políticas amargas e redes sociais selvagens não faz bem a ninguém.
demorei mais de um ano pra colocar essa escrita pra fora. a verdade é que tá todo mundo atolado de coisa pra fazer e disputar mais minutos de atenção com um colosso de outras distrações é assustador. depois de escrever tanta coisa e deixar tudo pra mim, cansei.
a gente também tende a ter delírios de que tudo é muito importante ou deve ser meticulosamente planejado — ou as dinâmicas de socialização alucinadas de hoje nos fazem assim achar. mas fato é que ninguém liga tanto assim e nem você que me lê (obrigada por isso!) deveria ligar. um dos transtornos mais irritantes que a gente já produziu foi alçado ao éden do sucesso: o perfeccionismo (e sim, o transtorno tem o nome de personalidade anancástica). só produziu pessoas inseguras e cansadas, com pitadas de psicopatia (eu, inclusa).
então é isso, você será meu testemunho. começar um novo projeto, fazer uma mudança, trocar de emprego, sair de sua cidade, esfriar velhos amigos. deixar pra trás o que já não cabe mais bem, colocar limites, dizer nãos. que a gente se sinta menos paralisada pra tomar essas decisões ou, principalmente, tirar férias delas quando necessário.
é como a imagem do copo sobre o guarda-chuva: as férias do pensamento que chove atormentado — de alguém que não vou nomear pra você já não pegar bode de mim.
se essa news não te dá suas merecidas férias, te dá pelo menos a companhia de alguém que também está exausta, sem energia e deixando pratos caírem. sou marina, 25 anos, virginiana com todas suas dores e delícias e acumuladora de tarefas.
te convido a construir esse espaço comigo e te encorajo, quem sabe, a pegar férias daquela socialização chata que você vê como obrigação, das notícias frenéticas que pioram ao longo dos dias, das nóias solitárias e outras tantas coisas que te fazem mal. ainda vou descobrir o que funciona, o que não e vamos juntas. meu arriscado compromisso de antemão é trazer na primeira quinta-feira do mês (melhor dia, tem a véspera do fim de semana) uma história (não te custará mais que cinco minutos de leitura) que alivie sua rotina atropelada. uma história que te leva a umas férias todas suas, pra sua semana.
que nosso medo de ficar de fora seja quicado pela felicidade de só se preservar de fora de tudo.
bora perder o ritmo juntas.
"mas fato é que ninguém liga tanto assim" é um tremendo lema de vida. Repita-o pra si mesma várias vezes ao longo da semana. Tremendo detox de veleidades ;)
Me senti abraçada! 💖